PH Poem a Day #1

Falar sobre você mesma, o que alguns consideram um tarefa nada fácil. E estou no meio desses alguns. Porquê eu acho tão difícil você falar sobre suas qualidades, seus defeitos, seus gostos e desgostos, sem soar prepotente e metida, como se você fosse o único ser humano do planeta. Como se sua vida fosse mais importante do que qualquer um ao seu lado. Mas aí entra a auto estima, como equilíbrio entre o exagerado e o miserável. Só que, muitas vezes, até alcançar essa tal da auto estima, já se passou muito tempo, muitos ventos, muitas chuvas, muitos sóis.
Se descrever não é nada fácil.

Eu poderia ser alta, atualmente com os cabelos um pouco abaixo dos ombros, leves californianas loiras nas pontas, olhos grandes e castanhos, mas cílios retos. Poderia ainda usar aparelho, coisa que me irritaria até os nervos do dedinho do pé esquerdo, e ter uma queda pela moda dos séculos passados. Poderia ter vergonha de abraçar as pessoas por impulso e gostar de meninos com cabelo grande. Ter muito mais livros do que conseguiria ler, mas nunca ter o suficiente para me sentir bem. Olharia para as coisas do mundo e observaria tudo e todos, a todo tempo, fazendo aquela cara de poucos amigos mas, na verdade, você poderia vir puxar assunto comigo porque a minha primeira reação seria sorrir e ser legal com você. Teria manias idiotas mas bem inusitadas, tipo gostar de uma música do álbum X e ter que baixar esse álbum inteiro porque, afinal, se uma música desse artista é boa, porque as outras não seriam também? Gostaria de bandas desconhecidas e, se um dia eu descobrisse que você também gosta de banda tal, você seria mais um herói pra mim. Olharia para aquele dia nublado, com vento e sem sol, e diria um alegre "Que dia maravilhoso! Parece até que estou na Inglaterra,amo!". Pensaria menos no que as outras pessoas precisam, e mais no que eu consigo, aguento e posso fazer para mim mesma.

Isso tudo realmente poderia acontecer, realmente poderia ser verdade. Mas eu não passo de mais um cabide no armário, escondido de tudo e todos, que só é necessário quando alguém quer pendurar algo em você. Uma folha de papel em branco, esperando para ser preenchida de palavras inspiradoras, fotos maravilhosas e desenhos incríveis que, devido à monotonia e imposição do sistema conspirador atual, só serve para estampar números e contratos que nunca serão assinados. Promessas que nunca serão cumpridas e pessoas que passarão mais fome.

Só mais um tijolo na parede.


Um comentário:

  1. Todos somos só números até que mudemos isso! Identifico-me com você, em muitos aspectos e seu texto ficou bom de se ler e interessante!

    Beijos, INconvencional!

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